Dias cristalinos, Parte 1/3: A velha.

28.10.12 Pássaro Bege 1 Comentarios


 

Pianinho, quebrei em uma biboca deserta e cheguei às 3h da manhã na pensão da irmã Zuleica, uma jovem senhora com o olhar de capital, cabelo grisalho desbotado, que empregava, pelo que vi no tempo em que passei por lá, cerca de cinco pessoas em seu negócio, alguns deles simpáticos, outros nem tanto.

A velha recebia tudo o quanto era tipo de gente naquele lugar; olhava bem fundo nos olhos do sujeito ou da sujeita e logo determinava o preço da estadia, no meu caso, mais intrauterinamente, passeou os seus olhos de meus pés aos dreads de minha cuca e sentenciou: - Quarto duplo fica por R$ 80,00 com ar condicionado, o duplo com ventilador podemos fechar por R$50,00. Eu nem pensei duas vezes, e sem miséria falei: - O com ar condicionado, por favor, porque quem gosta de calor é o demo e em áridas terras, em tempos de "br-o-bro", chapéu de otário é pedir empréstimo no banco e abrir uma revenda de aquecedor! Ela sorriu e me disse: - Quarto número 01, seu moço, eis aqui suas chaves!

Dormi feito uma pedra no primeiro dia dos três que fiquei por lá, acordei com batidas de porta simpáticas de um funcionário da pensão avisando que já era a hora do almoço; só assim fui descobrir o bônus da hospedagem, além do café da manhã, o almoço e o jantar eram por conta da casa.

No quarto número 01, eu sonhei por três dias.

(Continua)


Um comentário:

  1. Pois é meu Pássaro Bege, em terras tórridas passarinho plana de asa em asa para não esquentar a sua plumagem... E como diz aquele menino que canta: a cajuína cristalina em Teresina... Perto do mar... Longe da cruz...

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