O lugar da fala
Dedicado
a Valmir Assis
Quer
saber como acabar com qualquer possibilidade de dialogar com esse escrevinhador,
esse reles Zé povinho que vos fala? Então, é só começar a falar “ do povo” na
terceira pessoa. Isso me dá um nojo, uma revolta, perco a paciência e me
recolho, não vale a pena discutir ideias com alienígenas.
Mario
Pena Forte um dia desses acordou, olhou-se no espelho e achando-se menos humano
que de costume, escreveu em sua coluna no jornal “Abobrinhas News” falando
sobre a situação política do país com o seguinte título: “O povo não se dá ao respeito!”
Devo respeitar esse jornalista? De onde ele fala?
“Não sou apenas a fala e sim, o lugar da fala”,
disse um pequeno gigante amigo, de nome Valmir Assis, em um discurso forte e
questionador, num outro contexto que não o jornalístico; contexto em que o
sagrado se manifestou, mas não para torná-lo menos humano.
Talvez falte a Mario Pena Forte uma leitura
crítica baseada em seu lugar de fala, não para perpetuá-la acriticamente, mas
para perceber que não há como falar ao “povo” excluindo-se dele. Talvez falte a
Mario Pena Forte, o “fogo do pentecostes” (como diria o Cabotino) presente na
fala de Valmir Assis.
Pai, perdoa-lhe! Mario Pena Forte não sabe de
onde fala e não compreende o que mesmo diz.
0 comentários: