Diálogo flácido para acalentar bovino (ou conversa para boi dormir)
Dedicado aos amigos Renato e Rosano (companheiros de vários mingaus nas madrugas do Cais) e
aos idealizadores do livro-manual "Se saindo das butadas", que já é um Best-seller mesmo antes de ser publicado.
- Quando bebemos demais e
perdemos a hora do último ônibus, qual o melhor procedimento a fazer ao chegar ao
Cais de Santa Rita?
- Ora, compras um mingau de
cachorro ao senhor "Boy". A referida bebida é uma bomba calórica que te manterá em
vigília.
- E se no cais, logo após comprar
o mingau, chegar o busão das três?
- Das duas uma: Ou corres para o
ônibus e queimas as pontas dos dedos ou ficas com um mingau numa mão e um
cigarro entre o indicador e o médio da outra, esperando o próximo carro. Podes ainda
segurar o cigarro entre as pontas dos dedos polegar e indicador, a depender do seu
estilo e do seu cansaço.
- Certo. Mas e se eu fico no Cais
e não tem mais bacurau?
- Normal. Acaba o mingau, dá o góia do cigarro a algum
serrote pidão e ruma pra Guararapes ou, quem sabe, estica pra Boa Vista. Em
caso de possuir algumas moedas na algibeira, cogite comprar um pingado e um pão
na chapa, porque o percurso pode ser desgastante. Evite as coxinhas, certeza
ainda serem as de ontem.
- Mas sabemos que o percurso por essas
bandas entre as 3h, 4h da manhã é repleto de maletas de todas as espécies.
- Nesse caso, queime a ponta dos
dedos, mas não perca o das três, oras!
- Certo. Mas se na corrida além
de queimar os dedos, eu derrubar o mingau?
- Frente essa tragédia, sente-se
perto do cobrador e informe a ele sua parada, posto que provavelmente vás dormir
e passar direto donde costumeiramente saltas.
- E se cobrador também dormir?
- Perderás a parada onde saltas e
acordarás no terminal.
- E se não possuir moedas para
pagar outra passagem?
- Tendo essa certeza, porque
diabos tu comprarias um mingau de cachorro? Aí é arriscar-se, ser imprudente. Deves
sempre guardar certas quantias no bolso para futuras agruras.
- Mas o mingua é um real e a
passagem dois e quinze, tanto fazia comprar ou não o mingau, donzelo!
- Te enganas. Mesmo com a catraca
na frente, sempre rola uns pulos com o cobra.
- Tá bom, que seja! Mas suponhamos
que tenha comprado o mingau e ficado zerado, e agora?
- Terás que esmolar. Contudo, desças
do carro soberbo como se nada de angustiante ocorrera. Procure a primeira barraca
em frente à Escola Fundação Bradesco - caso tenhas pegado o Vila Dois Carneiros
- e contes num tom melancólico sua peregrinação infeliz ao simpático senhor ou
senhora que naquele fiteiro labuta.
- Com certeza a velhota, ou o
velhote, negaria por haver escutado milhares de histórias semelhantes.
- Pouco importa, tua lábia não
será a mesma dos infelizes de outrora.
- E se me der vergonha na hora de
pedir?
- Arromba-te! Porque aí já
estás com diálogo flácido para acalentar bovino para cima de mim.
Eita texto massa viu monstro, acabo de lê-lo aqui pelas madrugadas de Jampa numa vibe, numa relax, numa tranquila, numa boa!!
ResponderExcluirE vendo como tu escreve coloquial, numa linguagem formal da porra rsrs
Eu fui lendo e já pensando "que bixo pra ser pessimista da porra, é o cara dando jeito pra tudo e ele arruma problema, ta com a porra, aí diria isso mesmo, te lasca porra" rsrs
abrax